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sexta-feira, 21 de junho de 2013

VÉRAS QUE UM FILHO TEU NÃO FOGE A LUTA !


Muitos leitores tem questionado o meu posicionamento sobre o que tem acontecido no Brasil nesses últimos dias. A verdade é que eu não entendo nada de política, nada mesmo. Lembro-me que na faculdade de Direito foi um custo aprender sobre deputados, senadores, e qual o papel que cada um desempenhava. Eu sei lá. Aquilo simplesmente nunca fez muito sentido para mim, digo, política sabe? Ela é complicada, embaçada, distorcida. E tudo aquilo que não consigo enxergar com clareza me assusta um pouco. E tudo aquilo que me assusta eu simplesmente afasto. Coloco em um cantinho. Finjo que não está ali. É como dormir com o rosto virado para a parede imaginando que tem um fantasma te observando dormir. Se você não encara e olha no fundo dos olhos, parece que não existe, né? Pois é. É assim que eu lidava com a política. Deixava para lá. A única coisa que me aproximava da política é que eu me forçava a exercer o direito de voto já que lutamos tanto para tê-lo. Mas confesso, não via muito sentido em votar no candidato X ou Y. Para mim eles eram iguais. Quero dizer, nenhum deles nunca fez nada que mudasse a minha vida para melhor. É, eu não entendo nada de política. Mas eu entendo de pessoas.



Pessoas são meu assunto predileto. Quando pequena quis fazer Psicologia, achava que a faculdade iria me aproximar do pensamento do ser humano. Coisa de gente que gosta de imaginar, sabe como é. Acabou que não fiz Psicologia, fiz Direito, não gostei, e cá estou eu. Virei escritora. E sobre o que eu falo? Pessoas. Acho que isso foi o destino me dizendo ''Não, não. Larga essa pilha de livros, esquece essas leis que não são aplicadas. Volta aqui. Você nasceu pra decifrar pessoas''. É incrível como sempre acabamos percorrendo exatamente o caminho que queríamos percorrer sem perceber que o estamos percorrendo. A vida me levou na sua brisa suave e eu deixei. O vento soprou e cá estou exatamente onde queria estar. Mas isso é assunto pra outra hora. Estava falando sobre as pessoas. Complicadas, né? Que nada. É tão simples.

Nós precisamos do verbo ''pertencer''. Pertencer a alguém, a algum lugar, a algum grupo, a alguma coisa. Qualquer coisa. Nós queremos - e precisamos - desesperadamente disto. É a nossa busca infinita. O objetivo da vida. Por isso que muitos recorrem ao amor, achando que ele preencherá todo nosso vazio existencial e inundará a alma. Outros, se entregam às suas profissões pois acreditam que ela dará todo o essencial para se manter vivos. A propósito, essa expressão ''se manter vivo'' é engraçada. A gente tenta se manter vivo todos os dias. É a nossa luta diária. Acordamos ao som de nossos despertadores logo pela manhã e não temos vontade alguma de levantar da cama. Queremos mais é virar para o lado e dormir mais algumas horas, sonhar mais um pouco. Mas precisamos trabalhar. Porque o trabalho é o que mantém a comida na mesa. E a comida nos mantém vivos. Estampamos falsos sorrisos, mantemos relações por aparência, estudamos sobre coisas que em nada nos interessam, e assim vivemos. Ou pelo menos achamos que vivemos.




De repente acontece algo que surpreende. Choca. Arrepia todo o corpo. Paralisa o coração por alguns segundos. Esses momentos nos fazem sentir vivos. É como sentir novamente a sensação do primeiro batimento cardíaco. O respirar do seu primeiro oxigênio. A voz que ecoa e morre em um grito pela primeira vez. É isso que o brasileiro está sentindo. Pela primeira vez estamos nos sentindo vivos e não apenas vivendo para nos manter vivos. Pela primeira vez sentimos o ''pertencer''. Nós nos unimos para pertencer a uma causa. Pertencer a uma multidão. Unir vozes que não tinham forças sozinhas. Somos um no rosto de muitos. Milhares. Pintados, tristes, exaltados, explodindo.

O brasileiro se enche de orgulho. Digo por mim, que fui entender o orgulho de ser brasileira só agora. Antes esse orgulho se resumia a ganhar uma Copa do Mundo, Copa do Mundo? O que é isso perto de se unir e protestar por uma vida melhor? Isso sim é orgulho. Agora eu sei o que significam os versos do nosso hino nacional, versos esses que para mim não faziam sentido algum. "Verás que um filho teu não foge a luta'', é isso. Nós podemos - e queremos - mais. Não vamos nos contentar com pouco, metades, restos. A gente se cansou de fingir que está tudo bem. A gente cansou de sorrir sem vontade, engolir o grito, segurar o choro. A gente percebeu que juntos podemos ser o que quisermos ser. A união realmente faz a força. Demoramos, tudo bem, mas estamos aqui. Vamos até o fim protestar por amor, por compaixão, por união. É só isso que queremos. Tá tudo errado. Tudo. Vamos abrir os olhos de uma vez só que dói menos. Olhar no fundo dos olhos tristes de quem tá do teu lado e ver que não tá tudo bem. Não tá nada bem.





Hoje, o coração do brasileiro explode. O brasileiro se sente vivo como nunca antes. O brasileiro sabe que pode mudar o mundo, começando pela sua mudança. Saímos das frases prontas nas redes sociais e estamos colocando em ação tudo aquilo que julgávamos ''ideal'' e que só existiam na nossa imaginação. Não. Você não está em uma aula de História no colégio. Você está fazendo história. Mantenha os olhos abertos, atentos e vigilantes. Jogue os braços para o alto e permita se inundar pela sensação única que é de se sentir vivo. Vem pra rua. Podemos não mudar o mundo, ou o Brasil. Mas já mudamos a coisa mais importante que é a nossa consciência.


Merecemos tudo e eu não vejo o porquê de não termos.

Fotos retiradas do Google. 

                                                Texto por : Isabella Freitas

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